segunda-feira, 26 de abril de 2010

Chá.


Um instante que parece uma infinitude de horas. Olho o relógio de parede do Café, e vejo que ele estava 15 minutos atrasado. Bato o pé, ranjo os dentes. Parva! Que te fez vir até aqui? Não aprendeste que os homens são todos iguais? Quer saber? Vou pegar minha bolsa e cair fora, antes que ele chegue e veja que eu o esperei. Melhor fingir depois que eu nem fui, e dizer que o deixei na mão mesmo. E que sim, eu era uma idiota por acreditar novamente em outro deles, e que não voltasse a me procurar porque meu destino estava traçado, e não seria ao lado dele; que eu o odiava e só queria tirar onda mesmo, curtir com a sua cara... Que, enfim, eu também era como as outras, que não esperasse atitude menos rude. Então ele me olharia com lágrimas nos olhos e pediria perdão. Aí eu o esmagaria! Game over. O desalento ganha novamente, ninguém derrota o poderoso chefão. Fico só. Sempre fico. Acostumei-me... Não sei o que ainda procuro em outrem. Melhor seria se o mundo fosse meu, e eu fosse o mundo. Me viro, certa a ir embora e deixar minhas mágoas na gorjeta do garçom, afogadas na meia xícara de chá mate que ainda me restara; E digo mais[!]... Opa, mãos mornas tocam meu ombro esquerdo.


[...]


- Demorei muito, querida?

-Não, não, na verdade acabei de chegar também. E com um meio sorriso amarelo intimido: Chá?


Engolir em seco e sentir.
O doce amargo que és,
impossível não admitir...
Teu sorriso é flecha,
onde o alvo não tem brecha,
vai do coração à alma e me põe a teus pés.

LíviaMacedo

1 comentários:

mama ziza disse...

Seu estilo é original e inteligente. Parabéns pelo gosto de escrever...sinto-me lisonjeada! achom que vc precisava mesmo nascer!

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